Próxima saída sabado 26 Maio pelas 7,30 horas na Paluse .

sábado, 5 de abril de 2014

ENTRE S. MACÁRIO E DRAVE









É assim. Às vezes dá-nos a gana e lá vamos rumo ao desconhecido.

Desta feita, foi o xisto da serra de Montemuro, o enigma e a curiosidade em torno da aldeia Drave que nos moveu.


A saída já estava publicitada há alguns dias e o convite alargava-se a todos os Bikenaturas e amigos que nos quisessem acompanhar.

Marcaram presença na nossa sede, El Presidente, Tenor, Batedor, Wolf, Mister e Riones.
Partimos por volta das 7H30 rumo a Arouca onde nos esperava o Luís, amigo de Riones, que tinha sido convidado a acompanhar-nos e que viria a ser-nos muito útil, uma vez que morava naquela região. 


A estrada para o monte de S. Macário (local onde era suposto começar a nossa pena) a partir de Arouca é, como se esperava, muito sinuosa. As perspetivas climatéricas também não eram boas. E uma primeira passagem pelo Portal do Inferno (lembro que foi neste local que foi registada a velocidade máxima pelo Tenor de 57km/h) deixou-nos com a sensação de que iriamos ter um dia negro.
                        

Estas espectativas ganhavam mais consistência à medida que nos aproximávamos do cimo do monte, onde contornamos a capela de S. Macário, situada a cerca de 1060 metros de altitude para estacionarmos num pequeno parque de merendas semi abandonado situado um pouco mais abaixo e onde o frio, o vento e a chuva, em doses intensas, demoviam qualquer betetistas de enfrentar tais situações.






Realmente, meus amigos, a vontade de andar de bicicleta naquelas condições era reduzida.




Não fora o arrojo e a provocação do nosso companheiro Luis, que sem qualquer hesitação desmontou a bicla do seu carro e fez-nos ver para o que ali estávamos; a força e vontade dos Bikenaturas fazerem jus à intrepidez e perseverança que os caracteriza; e as burras ficavam muito bem na carrinha do Bat.

Valha a verdade, que as condições do clima eram bem melhores  à medida que íamos descendo de altitude.

Em contrapartida,  o ânimo e o corpo iam aquecendo.

                                    

 Drave, a aldeia de xisto, esperava por nós.
                                    


 E por entre trilhos, ladeiras, penhascos e alguns estradões, todos eles com duas coisas em comum: repletos de pedras e sempre ladeados por ravinas vertiginosas; avistamos a famigerada aldeia do cimo do planalto.




O trajeto para lá chegar era assustador e exigia de nós alguma técnica. Porém, à aldeia de Drave, parece que ninguém pode lá chegar montado na sua burra e tivemos que lhes dar descanso durante os dois últimos quilómetros onde tivemos a oportunidade de acompanhar um grupo de escuteiros que para lá se dirigiam.





Os registos fotográficos foram muitos nos momentos da chegada e da passagem pela aldeia e mais do que as palavras as imagens registadas dizem muito do que é e do que foi a vida daquelas pessoas.



É só diplomacia

O que as imagens não dizem nem contam é o quanto fomos amavelmente recebidos por um escuteiro de Almeirim (peço desculpa de não me lembrar do nome) que permanecia ali com um grupo a zelarem e a restaurar a única casa ainda habitável que lhes tinha sido doada pela última proprietária da aldeia.






Fotografia

Já estávamos a acabar o lanche e, claro, que não podíamos desdenhar o convite que nos fez para tomar café. O nosso obrigado e bem hajam.












A mostrar estar bem tratada, estava a capela que servia a aldeia e que, segundo contou o nosso anfitrião, ainda recebe uma procissão no dia 15 de Agosto vinda da povoação vizinha, Regoufe.





Já dentro da casa, e enquanto tomávamos o café, apercebemo-nos da evolução do restauro e das muitas recordações deixadas pelos visitantes.

Fotografia

Era tempo de abalar. Estava prevista uma passagem por Regoufe e decidimos avançar pelo caminho da procissão.



Fotografia


Fotografia

E, se para chegar a Drave foram cerca de 2Km apeados, para sair não víamos o início do trilho onde as pudéssemos montá-las. Tivemos tempo demasiado para pensar o quão penoso seria para os peregrinos em procissão fazer o percurso, carregando os andores e a padiola que transportava a última proprietária enquanto viveu (2000).



Finalmente, alcançamos um planalto que nos permitiu descansar os gastrocnémios e deambular por trilhos lindíssimos envolvidos numa cadeia de montanhas com fisiografias diversas e enigmáticas e que despertaram a curiosidade das máquinas fotográficas.





Avançamos em jeito de descida até avistarmos Regoufe.



Entramos por uma pequena ponte que atravessava um riacho de águas límpidas, o que nos provoca sempre um certo deslumbramento.

 

Aqui, o xisto deu lugar ao granito e os odores da natureza confundiam-se com os que eram exalados pelos cachos da Índia e os que derivavam da agro pecuária.


Tínhamos que avançar porque o tempo escasseava e esperava-nos uma escalada considerável até S. Macário. A juntar a esta dificuldade o agravamento do tempo, e que à medida que subíamos nos fazia lembrar o início do passeio e um pensamento constante no local que o Bat escolheu para o repasto.


Aldeia da Pena. Foi esta aldeia mítica situada nas profundezas do entroncamento de vários montes que albergava o Adega Típica da Pena. Com o frio que se fazia sentir, o restaurante mostrou-se muito acolhedor.



Tivemos algumas dúvidas se iriamos a tempo de uma boa refeição, pois ia a caminho das 5 da tarde.


                              
A afabilidade daquelas gentes é inabalável e prontamente nos foi sugerido uma boa costela ou bife de carne arouquesa.

Estava uma delícia!!!
Finalmente, o fumo que nos consolida a amizade e nos expurga do sofrimento.



Ora montados, ora apeados, ora sentados, foram gastas 2315 calorias, recuperadas 3014, para percorrermos cerca de 34km. (valores exactos, resultantes da média dos registos dos calorímetros e dos GPSs). Ufa! O trabalho que isto deu.
Venha o próximo.
  
                                                              Um abraço ao nosso amigo Luís.